O custo da chamada de celular no Brasil é o mais caro do mundo, segundo
relatório divulgado nesta segunda-feira (7) pela ITU (União Internacional de
Telecomunicações), da ONU.
O minuto da ligação entre uma mesma operadora fora do horário de pico custa
US$ 0,71 no país. Entre operadoras diferentes, a tarifa sobe para US$ 0,74.
No caso das chamadas feitas por números da mesma operadora, a tarifa mais
baixa encontrada foi de US$ 0,01 o minuto, em Hong Kong e na Índia. Nos Estados
Unidos, por exemplo, o custo é de US$ 0,27.
A tarifa no Brasil é mais que o dobro de outros países da América Latina,
como Argentina e México, onde o minuto, em ambos, custa US$ 0,32.
Em relação às ligações feitas entre operadoras diferentes, a menor tarifa
encontrada foi de US$ 0,01, em Hong Kong. A segunda menor é de US$ 0,02, da
Índia. Também considerando as chamadas feitas fora do horário de pico.
O levantamento considerou 161 países e, no Brasil, utilizou as tarifas médias
praticadas em São Paulo.
INFRAESTRUTURA
Os fatores que ajudam a explicar os altos custos da telefonia no Brasil,
conforme explica Marcelo Knörich Zuffo, professor da Escola Politécnica da USP,
são, basicamente, três: baixo investimento em infraestrutura, alta demanda e
alta incidência tributária.
"Isso é uma tendência que vai ser muito difícil de se reverter nos próximos
anos", avalia.
O estudo ainda mostrou que, assim como o Brasil, países desenvolvidos, como
Suíça e França, possuem altos custos de chamadas móveis. Por lá, no entanto, a
realidade é outra.
"Nesses países também há alta incidência tributária, mas a qualidade dos
serviços é outra", diz Zuffo.
"Não é possível comparar esses países com o Brasil em termos de
infraestrutura. Em alguns horários na cidade de São Paulo você simplesmente não
consegue fazer uma ligação."
Ligação entre números da mesma operadora
| País | Custo* do minuto em US$ |
|---|---|
| Brasil | 0,71 |
| Nova Zelândia | 0,70 |
| Suíça | 0,68 |
| Grécia | 0,58 |
| França | 0,56 |
| Reino Unido | 0,56 |
* fora do horário de pico
Ligação entre números de operadoras diferentes
| País | Custo* do minuto em US$ |
|---|---|
| Brasil | 0,74 |
| Nova Zelândia | 0,70 |
| Suíça | 0,68 |
| Argentina | 0,63 |
| Grécia | 0,58 |
* fora do horário de pico
OUTRO LADO
Em nota, a Sinditelebrasil, entidade que representa o setor de
telecomunicação, diz que o levantamento de preços da ITU considera planos que
"não são praticados no mercado brasileiro, apenas são homologados no órgão
regulador, como uma espécie de preço máximo".
Por isso, explica a entidade, o resultado do relatório não reflete a
realidade brasileira, formada por uma grande variedade de planos alternativos,
com preços menores.
"Se forem levados em conta todos os planos, verificamos que o preço médio do
minuto no Brasil é de R$ 0,15, com impostos (US$ 0,068). E esse preço caiu pela
metade nos últimos cinco anos."
CONECTADOS
Em relação à conectividade, o estudo mostrou que a proporção de domicílios
com acesso à internet no Brasil subiu de 38% em 2011 para 45% em 2012.
O destaque ficou com a banda larga móvel, cuja penetração subiu de 22% em
2011 para 37% em 2012.
Ainda, o relatório diz que 88% da população brasileira, no fim do ano
passado, já era coberta pelas redes de terceira geração (3G), que permitem
conexão móvel em banda larga.
TECNOLOGIA
No resultado geral, apresentado pelo relatório, que revela o quanto os países
estão preparados para usar as tecnologias de comunicações, o Brasil fica em 62º
lugar, atrás de países como Grécia (32º), República Tcheca (34º), Arábia Saudita
(50º) Argentina (53º) e Costa Rica (60º).
Os primeiros colocados foram Coreia, Suécia e Islândia, nesta ordem. E os
últimos foram Chade (155º), República Centro-Africana (156º) e Níger (157º).
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