quinta-feira, 6 de junho de 2013

Como uma pracinha pode detonar um protesto mundial

Fonte: http://blogdotas.terra.com.br/2013/06/05/pracinha-em-istambul-detona-protesto-mundial/

Alô governantes e políticos em geral: o parque Gezi em Istambul – que na verdade nem parque é, mas uma pracinha meia-boca, com todo respeito – é um caso a ser estudado e aprendido por vocês urgentemente, antes de seja tarde. Na verdade, talvez já seja tarde demais. Mas vamos lá… Vou resumir a ópera e dar minha opinião sobre o assunto trepidante que só faz aumentar a pressão sobre o governo turco.
O problema que se inicia de forma simples: o governo anuncia a construção de um shopping (o de número 94 na cidade histórica) no lugar onde fica o Gezi Park, ao lado da congestionada praça Taksim, um lugar horrendo de concreto. Quem já foi a Istambul vai concordar comigo. A cidade é cheia de encantos, se espalha por colinas, está diante de um entroncamento poderoso de rios, marca a fronteira da Europa com a Ásia, tendo bairros espalhados nos dois continentes… Enfim, Istambul é demais. A praça Taksim é agitada por ser entroncamento de várias linhas de transporte, que conectam a cidade a Beyoglu, um bairro boêmio muito legal. Aqui em São Paulo, a Taksim seria chamada de rotatória. Nenhum atrativo especial, só ponto de encontro ou de passagem. Ao lado dela, o tal Gezi Park é um respiro verde sem, digamos, um charme ou marca relevante. Notem bem, estou falando isso o comparando com outras centenas de atrações, parques e espaços públicos daquela cidade maravilhosa.

                         Istambul espalha sua formosura por dois continentes (Google Maps)
 
A população não gostou da ideia de ter mais um shopping na região já congestionada e foi ao parque protestar. Era dia 28 de maio de 2013. Quanto tempo demora para um problema local mal administrado pelo governo ganhar repercussão mundial? Com a ajuda das redes sociais, apenas alguns dias ou horas.
No primeiro dia de protesto, com pouco mais de uma dúzia de ecologistas sentados pacificamente no chão da praça, a polícia local agiu com muita violência no momento da dispersão. No dia seguinte o número de protestantes aumentou e a polícia foi ainda mais violenta. Surge Recep Tayyip Erdoğan, primeiro ministro turco, figura de uma sensibilidade de rinoceronte, com todo respeito aos rinocerontes. Ele dispara: “O destino do Gezi Park já foi decidido por nós. Protestem o quanto quiserem porque nós não vamos parar. Vamos demolir o parque de qualquer maneira”. É claro que as manifestações não só cresceram como se espalharam por outras cidades da Turquia. A polícia continuou com a truculência e os protestos pelo parque se transformaram num grito de indignação da população do país insatisfeita com a brutalidade do governo.
31 de maio: são criadas duas páginas no Facebook, uma em turco e outra em espanhol, com relatos e imagens feitos pelos próprios manifestantes, para turbinar o que a mídia turca não tinha agilidade ou não queria espalhar, e repercutir o que está acontecendo na Turquia. Rapidamente, o #OccupyGezi ganha adeptos em outros países e se espalha pela mídia mundial.
 
               Protesto se alastra pelo mundo: Berlim, Liubliana, Michigan e  Florença  (Foto: Facebook /    Indignados de Turquia)
 
Hoje, os manifestantes tem conquistado espaços importantes. Começaram a construir com as próprias mãos uma biblioteca no meio da praça. E com uma vaquinha na internet, em apenas 24 horas levantaram mais de R$ 200 mil reais para comprar uma página no The New York Times e publicar o seu protesto. O que não deixa de ser uma ironia para um movimento alavancado na internet que acaba comprando espaço na chamada “mídia tradicional”. Ou será que, depois dessa, já podemos parar de se referir aos jornais (que entenderam a mudança, evidentemente, como o The New York Times) de “mídia tradicional?
Quem viver, verá!
PS: o Blog do Tas se alia à lindinha de Berlim (abaixo) e apoia o #OccupyGezi
 
 
#internet, #thenewyorktimes, #Berlin, #OccupyGezi, #Turquia, #Istambul, #Gezi

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